O conceito de “hora-homem” e o que ele pode fazer por você
Você já ouviu falar no termo “hora-homem”? Se não, está na hora de saber do que se trata, porque mesmo nas maiores empresas, esse é talvez um dos grandes desafios encontrados: entender e otimizar a hora-homem.
E já que isso varia demais entre áreas, profissionais, escala hierárquica e afins, vale explicar não só o conceito, mas dar alguns exemplos de como tirar proveito da informação.
Para começo de conversa…
O nome é pouco inclusivo, convenhamos, mas hora-homem nada mais é do que o valor que você recebe por hora trabalhada. E engana-se quem acredita que isso é apenas para o trabalhador freelancer ou para o contratado via CLT. Hora-homem é para todo mundo que trabalha, inclusive diretores e empreendedores iniciando seus negócios.
Saber quanto vale o seu tempo ajuda a calcular uma série de coisas que vão refletir na sua vida como um todo: metas, objetivos, pretensão salarial e aí por diante. Suponhamos que Maria deseje ganhar cinco mil reais por mês e tem disponíveis cinco horas diárias para trabalhar, cinco dias por semana. Divide-se, portanto, os cinco mil reais pelo número de dias que ela pode trabalhar, e esse resultado pelo número de horas em cada dia. Veja o cenário mensal*:
- R$5.000 / 20 dias (5 dias x 4 semanas) = R$250 → esse é o valor que Maria precisa ganhar por dia.
- R$250 / 5 horas diárias = R$50 → esse é o valor que Maria precisa cobrar por hora de trabalho para atingir sua meta de R$5.000.
* O cenário fica um pouco diferente se Maria estiver pensando em uma vaga CLT. Na lei trabalhista, divide-se o valor pelos 30 dias do mês, e ainda existe a dedução de impostos, reduzindo o valor líquido do salário.
E o que eu faço com essa informação?
O resultado dessa conta ajuda de diversas maneiras:
- Mensurar o custo de um serviço.
- Embasar pedidos de aumento salarial, considerando a produtividade entregue nas horas contratadas.
- Ajustar o preço que você tem cobrado, especialmente por serviços.
- Entender se o que você oferece hoje é suficiente para te levar aos seus objetivos, e aí por diante.
Imaginemos que Maria seja manicure, mantendo a meta de R$5.000,00 mensais. Como vimos no cálculo acima, se ela cobrar menos de R$50 por hora de trabalho, não atingirá esse valor de receita. E aí vêm as outras “pegadinhas” como tempo de locomoção, por exemplo.
Se Maria só tem cinco horas diárias disponíveis e gasta uma se locomovendo de uma cliente à outra, restam apenas quatro horas de trabalho – portanto, os R$50/hora já não vão ajudá-la a atingir a meta. Então só restariam duas opções: aumentar a gama de serviços oferecidos ou o número de horas trabalhadas.
Se Maria passasse a oferecer massagem corporal, por exemplo, e pudesse cobrar R$80 por cada sessão de cinquenta minutos, as mesmas cinco horas dela passariam a render R$400 diários, e portanto, R$2.000 semanais e R$8.000 mensais. Já se ela quisesse manter o valor de R$50, mas passasse a trabalhar 8 horas diárias, receberia o mesmo valor de R$8.000 mensais.
Se Maria fosse, por exemplo, dona de um e-commerce, poderia usar o mesmo conceito para pensar na gama de produtos oferecidos, a fim de aumentar o valor médio diário lucrado. E ajudaria ainda a entender quanto poderia pagar de salário para um primeiro funcionário, ou até quanto poderia reajustá-lo caso já tivesse um colaborador.
Já se Maria fosse uma fisioterapeuta, ela poderia usar esse conceito para entender não só o valor da sessão, mas também se organizar financeiramente para folgas, férias e outros dias em que, por quaisquer motivos, fizesse menos ou nenhum atendimento.
O conceito de hora-homem, portanto, ajuda a pensar em questões como:
- Quanto tempo tenho disponível para trabalhar?
- Quanto preciso ganhar mensalmente?
- Quanto posso entregar no tempo que tenho disponível?
- É possível expandir minha gama de serviços?
- É possível reajustar o valor do meu serviço sem perder os clientes atuais?
- É possível pedir um aumento de salário, considerando o valor que eu ganho por hora? Eu poderia estar ganhando mais pelo mesmo tempo que dedico a este emprego em outra atividade?
- Consigo organizar melhor meu tempo para ter mais uma hora disponível de trabalho, sem abrir mão da vida pessoal?
- Estou remunerando bem o meu colaborador? É possível melhorar esse cenário? O colaborador está com uma performance considerável para as horas que ele trabalha? Alguém faria mais nesse mesmo tempo, com saudabilidade?
- Preciso reajustar os preços dos meus produtos? Posso vender algo que ainda não tenha no meu catálogo para otimizar meus rendimentos?
- Quando posso tirar um dia de folga? Quanto preciso juntar para cobrir o período de férias mesmo sendo autônomo?
Então, hora-homem é o valor que eu cobraria por cada hora disponibilizada de serviço?
Sim, é isso mesmo.
E se eu vendesse produtos?
Então, você teria que calcular:
- Custo de produção;
- Seu tempo de trabalho;
- Tempo de trabalho de cada funcionário (se tiver);
- Margem de lucro.
Não cobre por hora!
QUÊ? Eu fiquei lendo até agora pra você me dizer que essa informação é inútil?
Não! Não é inútil. É importante você saber o valor do seu tempo. Mas junto dele vêm outras coisas: todo o estudo e preparo para ser capaz de executar o trabalho, toda a dedicação que você coloca, seus diferenciais, a facilidade de entregar um projeto de maneira mais ágil sem se alongar à toa, o quanto você continua se aprimorando e estudando, e aí por diante.
O conceito de hora-homem não deveria servir para sobrepor tudo isso. Pelo contrário: se Maria quiser cobrar R$100 por hora para fazer o mesmo serviço de manicure que hoje cobra R$50, ela deve fazer isso certamente. O objetivo aqui é promover a reflexão sobre os diferenciais que Maria vai agregar ao serviço, o tipo de público que ela atende hoje, como suas concorrentes estão atuando, como ela pode equilibrar melhor vida profissional e pessoal.
A hora-homem deveria ser UMA das muitas ferramentas para precificar o seu produto ou serviço, e mais ainda, uma base salarial para que todos os outros pontos (experiência, diferencial, perfil de vida do profissional, entre outros) fossem adicionados.
A verdade é que o nosso tempo é precioso demais, e o cálculo da hora-homem deve ser uma referência para que possamos migrar disto para a venda dos nossos trabalhos, de maneira concreta e aplicável. Sem nos iludirmos com “viver de sonhos”, mas tendo a vida profissional que sonhamos. Quantas horas você tem se dedicado para pensar nisso?
ótimo post, parabéns! saber quanto se ganha por hora também ajuda a frear os gastos por impulso
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Com certeza, Marcelo! Consciência financeira faz toda a diferença, né? Obrigada pelo comentário e volte sempre!
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